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A positividade tóxica na pandemia

É um pesadelo o que estamos vivendo, mas o despertar não será exatamente um alívio

Foto de Vickie Intili / Pexels
Foto de Vickie Intili / Pexels

Eu ainda não me conformo e não pretendo me conformar com pessoas festejando, pessoas vivendo seu “bom momento”, pessoas vibrando com alegria, os #gratiluz.

É no mínimo lamentável que haja seres humanos que, por egoísmo e/ou falta de empatia, consideram a pandemia um desafio pessoal.

O Jornal Nacional de ontem (02/04/2021) mostrou numa reportagem sobre neurociência como a gente/nosso cérebro se acostuma a catástrofes com mais facilidade do que a tragédias pessoais. Ou seja, é necessário que a COVID19 afete alguém próximo, um parente, um amigo para nos darmos conta da seriedade da crise sanitária.

Em um país com mais de 200 milhões de pessoas, 325 mil mortos representam “só” 0,15 da população. Aí é comum ligar uma chave cerebral para forjar uma vida dentro da normalidade, com os mesmos passatempos, a mesma rotina, os mesmo planos para as férias, afinal, lemas como “a vida não pode parar” e “preciso cuidar da minha saúde mental” viram prioridades. E é curioso, para não dizer irônico, porque é a vida que o vírus faz parar e precisamente pela (falta de) saúde.

Eu não estou otimista com o futuro próximo. Acredito que, com um pouco de distanciamento temporal, uma onda de depressão sem precedentes vai passar pelo Brasil. É um pesadelo o que o país está passando neste momento, mas o despertar desse pesadelo não será exatamente um alívio.

Resistir é amor, respeito ao próximo e empatia também. Depois da vacina, começaremos a formar uma nova esperança.

Delma é jornalista e escreve sobre cultura, feminismo e política brasileira. Trabalha há mais de 10 anos com conteúdo e marketing digital. Atualmente cursa mestrado em Estudos de Gênero na Universidade Paris VIII.
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