+ de 400 livros & discos

20% Off

no PIX!

O que foi a Revolução Farroupilha?

O dia 20 de Setembro de 1835 marca o início da Guerra dos Farrapos, a revolta civil mais longa contra o império do Brasil no século XIX. Há 188 anos, em 11 de setembro de 1836, um ano após o início da Revolução Farroupilha, era proclamada a República Riograndense, também conhecida como República de Piratini.

19 de setembro de 2023. Foto: Pedro Piegas/PMPA (Reprodução)

Neste artigo, levamos você de volta ao passado, mais precisamente ao período entre os anos de 1835 a 1845, quando a porção mais ao sul do Império do Brasil se autoproclamou independente com a Revolução Farroupilha e a Guerra dos Farrapos.

Para contar melhor o que foi a Revolução Farroupilha e a subsequente Guerra dos Farrapos, destacamos personagens e fatos que tornam a Revolução Farroupilha a mais bem sucedida revolta civil contra o império do Brasil no século XIX

Podemos te adiantar que a insatisfação com os altos impostos e taxas alfandegárias que o império do Brasil cobrava dos fazendeiros gaúchos foi decisiva para a revolta, o que caracteriza a revolução farroupilha como uma revolta de elites locais contra o poder central. A Revolução Farroupilha começou em 20 de setembro de 1835, inicialmente sem intenção separatista, mas com o objetivo de destituir o presidente da Província e o Comandante das Armas.

Com o lema ‘liberdade, igualdade e humanidade‘ e promessas de abolição dos escravizados que aderissem à revolta, a revolução farroupilha produziu heróis controversos. Dois deles, David Canabarro e Bento Gonçalves, foram os responsáveis pela agora comprovada traição aos lanceiros e infantes negros, no derradeiro massacre de Porongos em 1844.

Não seria correto resumir a revolução farroupilha a estas questões. Por isso, vamos te contar outros fatores que levaram à guerra dos farrapos, vamos descrever o contexto histórico e político, destacar os principais personagens e batalhas, e refletir sobre o desfecho do conflito. 

Dedicamos ainda um outro artigo para contarmos tudo sobre a Semana Farroupilha, e como a data de 20 de Setembro é celebrada oficialmente nos dias de hoje pelo governo do estado do Rio Grande do Sul.

Principais causas da Revolução Farroupilha

A data de 20 de setembro de 1835 marca o início da Guerra dos Farrapos. É quando acontece a Tomada de Porto Alegre, um dia após os farroupilhas vencerem o confronto da Ponte da Azenha e invadirem a cidade liderados por Bento Gonçalves da Silva, o comandante militar da então província de São Pedro do Rio Grande do Sul.

A elite agrária rio-grandense protestava contra a taxação sobre as exportações de charque, couro e sebos. Por causa do imposto imperial, os produtos gaúchos ficavam mais caros que os importados do Uruguai e da Argentina, fazendo com que os produtores gaúchos acumulassem prejuízos.

A revolução também foi favorecida pelo caráter militarizado da sociedade rio-grandense, organizada em meio a lutas como a disputa pela Colônia do Sacramento, no século XVIII.

Havia também um ressentimento contra o governo imperial no quesito militar, uma vez que as forças imperiais recrutavam homens e cavalos fronteiriços, deixando a sociedade local insatisfeita.

Além disso, as ideias republicanas e federativas encontraram receptividade entre os rio-grandenses, estimulados pelas jovens repúblicas vizinhas.

O objetivo inicial do movimento farroupilha era diminuir o poder do império sobre o poder local provinciano. Bento Gonçalves chegou a jurar lealdade ao império no dia 20 de setembro, indicando que a revolta era direcionada ao poder local num primeiro momento da revolução.

Também é importante antecipar que, apesar das promessas de liberdade feitas aos escravizados, a Revolução Farroupilha não teve caráter abolicionista, como vamos mostrar mais adiante, porque não havia consenso nessa questão entre os rebeldes.

A Batalha do Seival

A Batalha do Seival, ocorrida em 10 de setembro de 1836 nos campos dos Meneses, próximo ao arroio Seival, foi um confronto decisivo na Revolução Farroupilha, que levou à proclamação da República Rio-Grandense por Antônio de Sousa Netto. Com a missão de enfrentar as forças imperiais, o coronel Neto liderou 400 homens contra 560 soldados comandados por João da Silva Tavares, que havia vindo do Uruguai. As forças imperiais inicialmente levaram vantagem, mas um incidente envolvendo o cavalo de Silva Tavares, que disparou descontroladamente, criou a falsa impressão de fuga e causou desorganização nas tropas imperiais.

A confusão gerada pelo cavalo de Silva Tavares foi explorada pelos revoltosos, que atacaram com intensidade redobrada, resultando em uma vitória esmagadora para os farroupilhas. Os imperialistas sofreram pesadas baixas, com 180 mortos, 63 feridos e 100 prisioneiros, entre eles João Frederico Caldwell. Esse sucesso militar proporcionou a confiança necessária para que Antônio de Sousa Netto proclamasse a independência da República Rio-Grandense no dia seguinte, marcando um momento decisivo na Revolução Farroupilha e alterando o curso do conflito.

Qual o desfecho da Revolução Farroupilha?

Assim como outras revoltas locais do período regencial, os farroupilhas enfrentaram repressão das tropas imperiais, o que aumentou após 1840, quando Dom Pedro II assumiu o trono com apenas 13 anos – manobra que foi garantida pelo Golpe da Maioridade.

Em 1842, para terminar com o conflito, Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, foi nomeado presidente do Rio Grande do Sul e comandante das armas. O objetivo era acabar com a luta e pacificar a província. Diante das derrotas, os farroupilhas negociaram o fim do conflito com o governo imperial. No entanto, faltava solucionar a questão dos negros escravizados que haviam lutado principalmente nos anos finais da guerra pela promessa de liberdade.

O Massacre de Porongos

A prefeitura de Pinheiro Machado, município onde se localiza o Cerro de Porongos nos dias de hoje e que foi palco do massacre, descreve assim o episódio em seu site:

Marco de Porongos. Reprodução: Prefeitura de Pinheiro Machado, RS

A Batalha dos Porongos foi um confronto entre os apoiadores da República Rio-grandense e as forças imperiais do Império do Brasil. A batalha ocorreu nas proximidades do arroio Porongos, na região sul do Rio Grande do Sul. Na batalha, 110 apoiadores da República, principalmente Lanceiros Negros, foram mortos e 333 homens foram presos. Além disso, cinco estandartes, um canhão, utensílios, arquivos e mais de 1000 cavalos foram capturados pelas forças imperiais.

A historiografia do século XXI, entretanto, mostra que não foi bem assim.

Movidos por promessas de libertação, a maior parte dos escravizados que aderiram às tropas farroupilhas eram de propriedade de membros do império, e não de estancieiros farroupilhas. Os negros lutavam como lanceiros, a cavalo, e como infantes, os jovens armados que iam a pé.

Durante as negociações para terminar com a guerra, o governo imperial não aceitava a libertação dos escravizados rebelados e, do outro lado, alguns líderes farroupilhas concordaram em devolvê-los para os donos. Porém, os líderes farroupilhas sabiam que a manobra seria considerada uma traição por lanceiros e infantes negros e poderia acabar em rebelião.

Reprodução: RBS TV

Em 14 de novembro de 1844, o acampamento das tropas rebeldes liderado por David Canabarro é atacado em Porongos. O local do acampamento onde estavam os lanceiros negros recebeu a maior parte do ataque. Desarmados e sem ajuda dos próprios companheiros de armas, que eram os indígenas e os brancos separados em outra parte do acampamento, mais de 100 lanceiros e infantes negros foram mortos no massacre.

Na época, para isentar David Canabarro e justificar a derrota em Porongos, parte da culpa recaiu sobre a mais célebre das vivandeiras: Maria Francisca Ferreira Duarte, a Chica Papagaia. No momento do ataque imperial, estaria entretendo o general na tenda dele, o que teria amolecido a vigilância do comandante.

Se esta história ‘colava’ até pouco tempo atrás, no século XXI a descoberta de novas evidências históricas fizeram com que pesquisadores da área passassem a tratar o episódio como a Traição de Porongos, ou o Massacre de Porongos, ao invés de simplesmente “batalha”.

O Tratado de Poncho Verde, ou a Paz de Ponche Verde

Em 1845, os rebeldes aceitaram a proposta de paz oferecida pelo governo. O Tratado de Ponche Verde previa:

  • anistia;
  • incorporação dos oficiais farroupilhas ao exército imperial;
  • libertação dos escravos que haviam lutado ao lado dos farroupilhas;
  • devolução das terras que haviam sido tomadas dos rebeldes;
  • diminuição dos impostos naquela província e
  • fortalecimento da Assembleia Provincial.

A Guerra dos Farrapos representou uma vitória militar das tropas do império, mas uma vitória política do lado dos farrapos. As principais reivindicações dos revoltosos foram atendidas no Tratado de Poncho Verde.

Contexto histórico e político da Revolução Farroupilha

O período que antecede a Revolução Farroupilha é marcado por reviravoltas na vida política do então jovem império independente. O império do Brasil tinha como líder máximo um regente uno, o Padre Diogo Feijó. Na história do Brasil, a Revolução Farroupilha tem início no Período Regencial (1831-1840), e termina em 1845, já no chamado 2º Reinado de Dom Pedro II (1840-1889).

Mas como se chegou ao regente Feijó? 

A Constituição de 1824

Antes do período regencial, o 1º Reinado havia se caracterizado pela centralização do poder e pelo autoritarismo do chamado Poder Moderador, exercido exclusivamente por Dom Pedro I e criado a partir da Constituição de 1824. 

A Constituição de 1824, que estava vigente à época da Revolução Farroupilha, tinha caráter conservador e autocrático. Ela foi uma resposta autoritária de Dom Pedro I à Constituinte de 1823, ou a Constituição da Mandioca, que ganhou este nome porque a proposta encaminhada pelos constituintes era de que somente teria direito ao voto quem tivesse mais de 150 alqueires de plantação de mandioca. Isso excluía da vida política, de uma só vez, a maior parte da população.

Dom Pedro I dissolveu a Assembleia Constituinte no dia 12 de novembro de 1823, data que ficou registrada como a Noite da Agonia. Historiadores consideram essa dissolução como o primeiro golpe de estado no Brasil independente. No ano seguinte, Dom Pedro I promulgava a Constituição de 1824, que instituía o Poder Moderador, exercido exclusivamente pelo próprio Imperador.

O Ato Adicional de 1834

A Constituição de 1824 sofreu modificações antes de eclodir a revolta farroupilha em 1835. O Ato Adicional de 1834 criou as Assembleias Legislativas provinciais – o que proporcionava mais autonomia para as províncias, e estabeleceu que a regência passaria a ser una, ao invés de uma regência trina, vigente desde a abdicação de D. Pedro I em 1831. 

O poder central em 1835 estava nas mãos do regente Feijó, ou Padre Feijó, eleito conforme as regras do Ato Adicional de 1834. Mesmo ganhando na província de São Pedro do Rio Grande do Sul, a vitória de Padre Feijó se somou ao descontentamento com o poder central entre os estancieiros gaúchos.

Revoltas no Período Regencial (1831-1840)

Além da Revolução Farroupilha, o império do Brasil enfrentou revoltas internas que coincidiram com o período regencial.

Geopolítica das rebeliões de 1831 a 1848. Fonte: Atlas Histórico do Brasil, FGV

Cabanagem (1835-1840)

Ocorreu na Província do Grão-Pará (atualmente Pará) e envolveu uma rebelião de caráter popular contra a elite dominante e as políticas do governo central.

Balaiada (1838-1841)

Aconteceu na Província do Maranhão e teve origem nas desigualdades sociais e na opressão sofrida pela população mais pobre.

Sabinada (1837-1838)

Ocorreu na Bahia, liderada por um grupo de intelectuais e militares que buscavam a separação da província do Império.

Revolução Liberal de 1842

Uma revolta ocorrida em São Paulo e Minas Gerais que buscava a descentralização política e maior autonomia provincial.

Como o Rio Grande do Sul festeja a Revolução Farroupilha?

Ao longo dos anos, ocorreu um processo de ressignificação do que é a identidade do povo gaúcho e do que a Revolução Farroupilha representa. Um exemplo desse repovoamento do imaginário é o tema escolhido pela Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas para homenagear nas festividades de 2023: o centenário da Revolução de 1923. Portanto, a Semana Farroupilha e o 20 de Setembro são hoje datas comemorativas e de celebração de diversos desafios enfrentados por gaúchos e gaúchas, não limitados a guerra dos farrapos.

Para se ter uma ideia de quanto a Revolução Farroupilha se faz presente no cotidiano de gaúchos e gaúchas até hoje, a atual sede do governo do estado do Rio Grande do Sul se chama Palácio Piratini, nome que vem da República Piratini, referência à primeira capital da República Rio-grandense, e que significa “peixe barulhento” em sua origem tupi-guarani. 

Em Porto Alegre, a capital do estado, há um bairro e um parque chamados de Farroupilha, uma avenida Farrapos, e outra, Bento Gonçalves. Estas são algumas das inúmeras referências e homenagens aos farroupilhas na cidade e no estado.

O hino oficial do estado do Rio Grande do Sul é o hino da República Rio-grandense de 1836.

A Semana Farroupilha

Leia mais sobre os festejos da Semana Farroupilha e o Acampamento Farroupilha neste link.

Início da montagem do Acampamento Farroupilha no Parque Harmonia. Foto: Pedro Piegas/PMPA em 12 de agosto de 2023

Principais personagens da Revolução Farroupilha

A revolta teve como líderes: general Bento Gonçalves da Silva, general Neto, coronel Onofre Pires, coronel Lucas de Oliveira, deputado Vicente da Fontoura, general Davi Canabarro, coronel Corte Real, coronel Teixeira Nunes, coronel Domingos de Almeida, coronel Domingos Crescêncio de Carvalho, general José Mariano de Mattos, general Gomes Jardim, além de receber inspiração ideológica de italianos da Carbonária refugiados, como o cientista e tenente Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além do capitão Giuseppe Garibaldi, que embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália. Bento Manuel Ribeiro lutou em ambos os lados ao longo da guerra, mas quando acabou a revolução ele estava ao lado do imperador.

Vamos descrever brevemente aqui apenas alguns destes personagens. Para mais detalhes de cada um, e de tantos outros não citados neste artigo, nossas fontes de consulta ficam à disposição ao final do texto e são um bom começo para aprofundar sua pesquisa.

Bento Gonçalves da Silva

Iniciou a carreira militar na primeira campanha cisplatina. É descrito como uma das figuras mais importantes da liderança separatista do Rio Grande do Sul. Com uma biografia impossível de resumir em poucas linhas, Bento Gonçalves foi proclamado presidente da república rio-grandense estando preso em Santa Catarina.

Retrato de Bento Gonçalves da Silva, óleo sobre tela, século XIX, Pintado por Guilherme Litran. Acervo do Museu Júlio de Castilhos, Porto Alegre, Brasil.

Após a Batalha do Seival, em 11 de setembro de 1836, Antônio de Sousa Netto proclamou a República Rio-Grandense. Enquanto isso, Bento Gonçalves, principal líder farroupilha, foi preso após a Batalha do Fanfa e enviado para diversas prisões, onde conheceu figuras como Garibaldi. Mesmo encarcerado, foi aclamado presidente da República Rio-Grandense em novembro de 1836. Após várias tentativas de fuga, Bento finalmente retornou ao Rio Grande do Sul em 1837, tomando posse como presidente e liderando o movimento em prol da independência da província, conforme declarado em seu manifesto aos rio-grandenses.

Durante os anos seguintes, Bento enfrentou desafios internos e externos, incluindo a crescente divisão entre os farroupilhas. Em 1844, após ser acusado por Onofre Pires de traição e assassinato, Bento o desafiou para um duelo em que Onofre foi ferido e morreu dias depois. A guerra terminou em 1º de março de 1845, com a assinatura da Paz de Poncho Verde, que pôs fim ao conflito sem concessões de soberania à República Rio-Grandense. Após a guerra, Bento Gonçalves encontrou-se com o jovem imperador D. Pedro II e se retirou da vida política, retornando às suas atividades rurais. Ele morreu dois anos depois, em 1847, vítima de pleurisia, deixando sua família e um legado como um dos mais icônicos líderes da Revolução Farroupilha.

General David Canabarro

David Canabarro ingressou tardiamente na Revolução Farroupilha, ascendendo rapidamente na hierarquia e assumindo o comando em 1843 após Bento Gonçalves se afastar para evitar divisões internas. Sua única derrota ocorreu na controversa Batalha de Porongos, onde, durante negociações de paz com o Barão de Caxias, sua tropa, incluindo os Lanceiros Negros, foi surpreendida e massacrada, levantando suspeitas de traição. Enquanto negociava a paz, recusou uma proposta de aliança de Juan Manuel de Rosas, reafirmando sua lealdade ao Brasil. Canabarro aceitou a anistia oferecida em 1844, culminando no Tratado de Poncho Verde, que garantiu condições favoráveis aos rebeldes e a liberdade aos escravos que lutaram na guerra. Foi o 1º Presidente da República Juliana.

Onofre Pires

Onofre Pires da Silveira Canto (Porto Alegre, 25 de setembro de 1799 – Sant’Ana do Livramento, 3 de março de 1844) foi um dos coronéis mais ativos da Revolução Farroupilha, liderando as forças que iniciaram o movimento na noite de 19 de setembro de 1835, na Ponte da Azenha, o que abriu caminho para a conquista de Porto Alegre no dia seguinte. Em 1836, venceu os legalistas em Mostardas, mas ordenou a execução dos prisioneiros, o que manchou sua reputação. Preso em outubro de 1836 durante a Batalha do Fanfa, fugiu do Rio de Janeiro um ano depois. Em 1844, entrou em conflito com seu primo Bento Gonçalves, resultando em um duelo em que Onofre foi ferido e, quatro dias depois, morreu de gangrena, um ano antes do fim da revolução.

Souza Neto, o proclamador

Antônio de Sousa Netto (Rio Grande, 25 de maio de 1803 — Corrientes, 2 de julho de 1866) é reconhecido por seu árduo trabalho na Revolução Farroupilha como o segundo maior líder. Participou desde o início como coronel da Guarda Nacional de Bagé e ajudando a organizar o corpo de cavalaria farroupilha. Em 1836, após a Batalha do Seival, proclamou a República Rio-Grandense, consolidando seu papel na liderança do movimento. Comandou diversas batalhas, incluindo o cerco a Porto Alegre e a retomada de Rio Pardo. Enfrentou derrotas, como no combate do Candiota, mas também obteve vitórias significativas, como a conquista de Caçapava em 1837, onde capturou artilharia e munições cruciais. Após a guerra, Netto, conhecido por seu fervor abolicionista, exilou-se no Uruguai, levando consigo os negros que o seguiram voluntariamente.

Gomes Jardim

José Gomes de Vasconcelos Jardim, nascido em Triunfo em 1773, foi um fazendeiro, maçom, médico-prático e militar brasileiro que participou da Revolução Farroupilha desde o início. Vice-presidente da República Rio-Grandense, assumiu a presidência interina após a prisão de Bento Gonçalves, tornando-se o segundo presidente da República durante a guerra. Em sua propriedade, a Estância das Pedras Brancas, foi planejado o ataque a Porto Alegre, que marcou o início do conflito. Gomes Jardim faleceu em 1854, e sua casa em Guaíba, onde Bento Gonçalves morreu em 1847, foi tombada como patrimônio histórico.

Roque Faustino

Havia indígenas que ocupavam postos altos e até cargos de chefia, como Roque Faustino, que foi um capitão no exército farroupilha e executado como prisioneiro de guerra. Havia dificuldade em recrutar pessoas para lutarem na guerra e, uma solução para aumentar o contingente militar, foi recorrer ao engajamento dos indígenas de forma voluntária. Eles realizaram diversos tipos de tarefa, dentre as quais podemos destacar o adestramento de cavalos e luta no campo de batalha e muitos as faziam sem receber qualquer tipo de remuneração. A participação indígena nas tropas dos Farrapos ocorreu de forma heterogênea. Havia indígenas presos devido a desobediência às ordens de seus superiores, o que indica que eles provavelmente não ocupavam um espaço de prestígio dentro da hierarquia militar. O capitão indígena é conhecido principalmente pelo assassinato em 1837 do líder farrapo João Manoel de Lima e Silva.

Padre Chagas 

Foi nomeado pelos rebeldes como vigário apostólico em 1838, e negou obediência ao bispo do Rio de Janeiro. O vigário apostólico tinha verdadeira autoridade religiosa: crismava, nomeava padres e dava dispensas matrimoniais. O padre Chagas, então, foi excomungado e seus atos foram declarados ilícitos pelo bispo do Rio de Janeiro, que era a autoridade máxima da Igreja Católica no Brasil na época. 

A maior parte do clero gaúcho apoiou a autoridade eclesiástica do padre Chagas. A situação durou até o final da Revolução Farroupilha. Com a derrota, o padre Chagas buscou uma reconciliação com o bispo do Rio de Janeiro, tendo sido secretário do novo bispo de Porto Alegre. Após o fim da revolução, o padre Fidêncio José Ortiz foi encarregado pelo bispo do Rio de rever todos os atos praticados e demais documentos assinados pelo padre rebelde.

As capitais da República Rio-grandense (1835-1845) 

Oficiais:

Piratini

O município de Piratini se destaca como cenário de acontecimentos notáveis da Revolução Farroupilha. Em outubro de 1835, os farroupilhas ocuparam a vila e constituíram o Estado Rio-Grandense Independente. Em novembro de 1836, constituíram o 1º governo da república, assim constituído o Presidente-General Bento Gonçalves da Silva, que se encontrava preso na Bahia, pois havia tentado fugir da prisão em Santa Catarina.

Caçapava do Sul

Alegrete (onde foi promulgada a Constituição de 1843)

São Gabriel

Não-oficiais:

Bagé (somente por 2 semanas)

São Borja

As batalhas da Guerra dos Farrapos

Combate da Ponte da Azenha
Tomada de Porto Alegre
Batalha de Arroio Grande (1835)
Combate do Arroio Telho
Insurreição de São Leopoldo
Batalha do Seival
Batalha do Fanfa
Batalha do Barro Vermelho
Batalha do Ponche Verde
Massacre de Porongos
Batalha de Arroio Grande (1844)
Combate de Cuaró

Outros locais de destaque na Revolução Farroupilha

Dom Pedrito
Rio Pardo
Pelotas
Camaquã
Redução dos Tapes
A República Juliana (1839)

Referências sobre a Revolução Farroupilha

Produção audiovisual (filmes, séries e novelas)

O Tempo e o Vento, novela da TV Excelsior (1967) baseada na obra de Érico Verissimo
O Tempo e o Vento, minissérie da TV Globo (1985) baseada na obra de Érico Verissimo
Guerra dos Farrapos, minissérie da TV Bandeirantes (1985)
Neto Perde sua Alma, longa metragem (2001) baseado no livro de Tabajara Ruas
A Casa das Sete Mulheres, minissérie da TV Globo (2003) baseada no livro de Letícia Wierzchowski
O Tempo e o Vento, minissérie da TV Globo (2014) baseada na obra de Érico Verissimo

10 livros sobre a Revolução Farroupilha

  1. Macedo, Francisco Riopardense de. Lições da Revolução Farroupilha. Porto Alegre, Assembléia Legislativa do RS, 1995.
  2. Cheuiche, Alcy. A Guerra dos Farrapos. Grupo Habitasul, 1984.
  3. Damasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Editora Globo, 1971
  4. Fausto, Boris. História do Brasil.
  5. Pesavento, Sandra Jatahy. A Revolução Farroupilha. Editora Brasiliense, 1990
  6. Laytano, Dante de. História da República Rio-grandense 1835–1845. Editora Globo, 1936
  7. Lessa, Barbosa. República das Carretas. 
  8. Flores, Moacyr. República Rio-Grandense: realidade e utopia. Edipucrs, 2002
  9. Flores, Moacyr. Modelo político dos Farrapos: as idéias políticas da Revolução Farroupilha. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1996.
  10. Silva, Juremir Machado da. História Regional da Infâmia. L&PM Editores, 2010

Artigos online:

Agência Brasil História Hoje: República Riograndense foi proclamada há 169 anos devido a altos impostos | Radioagência Nacional
BBC News Brasil – Massacre dos Porongos: a história da chacina dos soldados negros no Rio Grande do Sul
Pampa Livre – Perfil dos militantes separatistas gaúchos
GZH Museu de Porto Alegre guarda relíquias da Guerra dos Farrapos | GZH
GZH A maldição de Cerro dos Porongos | GZH
Enciclopédia Itaú Cultural Cena de Batalha no Sul do Brasil | Enciclopédia Itaú Cultural
FGV – Atlas Histórico do Brasil – Geopolítica das rebeliões de 1831-1848
G1 – Massacre de Porongos Massacre de Porongos: conheça documento que comprova traição a negros na Guerra dos Farrapos | Rio Grande do Sul | G1
G1 – Semana Farroupilha: municípios do interior do RS terão acampamentos pela primeira vez
Museu da Comunicação Hipólito José da Costa – A Guerra dos Farrapos e o Massacre dos Lanceiros Negros
IBGE | Cidades@ | Rio Grande do Sul | Piratini | História & Fotos
E-book – FESTEJOS FARROUPILHAS 2023
General David Canabarro
Politize! – Constituição de 1824
Politize! – O que é Assembleia Constituinte?
Politize! – O que é Separatismo
Politize! – 7 de setembro: entenda a Independência do Brasil
Politize! – O que foi o Poder Moderador?
Prefeitura de Pinheiro Machado – Pontos Turísticos
Secretaria da Cultura do RS – Sobre os Festejos Farroupilhas 2023
Toda Matéria – Guerra dos Farrapos

Pular para o conteúdo