Desde que Mark Zuckerberg defendeu a autonomia da plataforma em relação às postagens do presidente Trump que continham informações errôneas ou promoveram violência, algumas empresas estão cancelando verbas de marketing direcionadas a anúncios no Facebook.
O Facebook gera 98% da receita através de anúncios. A empresa faturou US$ 17,4 bilhões em publicidade no último trimestre. A pandemia afetou as vendas de publicidade em geral, e algumas empresas ainda estão sendo “incrivelmente afetadas“, disse Carolyn Everson, vice-presidente de soluções globais de marketing do Facebook, ao jornal The New York Times. A ação orgânica e espontânea Blackout Tuesday “realmente teve um papel muito significativo em nossas plataformas“, acrescentou Everson, com centenas de empresas interrompendo os gastos em anúncios.
Everson, a executiva do Facebook que lida com profissionais de marketing, disse que nunca havia trabalhado mais de perto com Zuckerberg do que na semana passada. Ela reconheceu que a decisão da empresa sobre as declarações de mídia social de Trump “não é uma decisão que todos concordam ser uma decisão perfeita“.
Desde então, a receita publicitária se recuperou, disse ela, embora várias empresas demorem a retornar enquanto ajustam suas mensagens. Nike, Anheuser-Busch e outros reduziram seus gastos diários no Facebook e Instagram em mais de US$ 100.000 no início de junho, de acordo com a plataforma de análise de publicidade Pathmatics.
Na semana passada, a Braze, uma empresa de software em Nova York, retirou uma campanha publicitária no Facebook que havia planejado para o fim do verão nos EUA, avaliada em cerca de US$ 60.000. A diretora de marketing, Sara Spivey, disse que a decisão do Facebook de deixar as declarações presidenciais faz parte da decisão.
“O Facebook é a maior plataforma de publicação do mundo, então é claro que queremos estar nele“, disse Spivey. “Mas a grande questão é a responsabilidade do Facebook de tornar sua plataforma segura e se queremos estar associados a ela“.
A campanha de Trump gastou mais de US$ 2,8 milhões em publicidade na plataforma no mês passado, de acordo com a Advertising Analytics, uma empresa de rastreamento de mídia. Combinada com os gastos do Comitê Trump Make America Great Again, em esforço conjunto com o Comitê Nacional Republicano, a equipe de reeleição do presidente foi o 10º maior anunciante no Facebook, atrás da Samsung, Microsoft e da Walt Disney Company, de acordo com a Pathmatics.
Nima Gardideh, co-fundadora de uma agência de publicidade digital, incentivou os clientes a reter milhões de dólares em publicidade do Facebook.
Na noite de sexta-feira, ela enviou uma nota pessoal aos principais anunciantes, anexada a um longo post público de Zuckerberg que prometeu revisar algumas das políticas do Facebook. Ela disse que a maioria de suas discussões com clientes agora se concentra nos esforços para desmantelar a desigualdade racial sistêmica nas empresas.
“99,9% da conversa se afastou da decisão sobre o post de Trump“, disse ela. “Na verdade, minimizaria a importância desse momento histórico se focássemos apenas em um post do presidente Trump“.
NEW: After Zuckerberg Doubles Down on Trump, Some Advertisers Take a Timeout From Facebook w/ @tiffkhsu https://t.co/ec48JcYyOS
— CeciliaKang (@ceciliakang) June 9, 2020
“Moralmente impossível”
“A coisa moralmente correta a se fazer, claro, é ficar do lado certo, mas é difícil: os anúncios do Facebook estão mantendo pequenas empresas vivas. Se você não está no Facebook, você não existe”
Lutchi Gayot, pequeno empresário e candidato ao Congresso pelo estado de NY
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