Foto: Nayani Teixeira, Unsplash
É notório que a representatividade política da parcela da população brasileira que se identifica com o gênero feminino e que se autodeclara negra é pífia. Se olharmos para as 513 cadeiras do Congresso Nacional, apenas 10 são ocupadas por mulheres negras. Para corresponder a uma representação real, as mulheres negras deveriam ocupar 130 assentos na Casa do Povo.
Apesar do abismo que as separa das instituições de representatividade democrática, grupos organizados de ativistas negras se colocam à frente de um movimento de construção de um futuro antirracista no país.
Mulheres Negras Decidem – Para Onde Vamos
O relatório inédito divulgado esta semana pelo Instituto Marielle Franco, em conjunto com o Movimento Mulheres Negras Decidem, entrevistou 245 mulheres negras envolvidas com algum tipo de ativismo social de norte a sul do país.
O documento, que foi idealizado nas primeiras semanas da pandemia do novo coronavírus, nasceu diante das incertezas potencializadas pela crise global da pandemia de covid-19.
Como construir um futuro antirracista? O Instituto e @MNdecidem acabam de lançar o relatório Mulheres Negras Decidem: #ParaOndeVamos, uma pesquisa inédita com ativistas negras de todo o país sobre soluções e estratégias pro Brasil. Confira e compartilhe: https://t.co/EbZHDJ8gP8
— Instituto Marielle Franco (@inst_marielle) June 5, 2020
A sensação de impotência deu o tom ao passo que a realidade, já difícil,
Trecho da apresentação do relatório Mulheres Negras Decidem
transformou-se em catástrofe
Em um estudo de 2005, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) constatou que as mulheres negras são vítimas do racismo e do sexismo e possuem os piores indicadores em praticamente todas as áreas. Por conta deste cenário, o ativismo de mulheres negras nasce pautando todas as complexidades que passam por este grupo significativo: elas representam 27% de toda a população brasileira, ou aproximadamente 57 milhões de cidadãs.
“O relatório demonstra que, em uma sociedade hierarquizada por opressões, acompanhar a atuação das ativistas negras diante de uma crise social, política e econômica representa uma chave análitica privilegiada. Afinal, se o poder se organiza e opera por meio de opressões interseccionais, então, a resistência das ativistas negras deve demonstrar uma complexidade comparável“, sintetiza a apresentação do documento.
O questionário
Adiantamos aqui alguns pontos sobre o documento, que pode ser baixado na íntegra, gratuitamente, no site paraondevamos.org.
O relatório busca traçar um mapa de atuação das 245 mulheres negras que foram entrevistadas para a pesquisa por atuarem em projetos voltados ao auxílio dos mais vulneráveis durante a pandemia. As questões que envolvem negritude, gênero e representatividade se destacaram entre as causas mais citadas pelas participantes.
Representatividade política
Outro ponto que adiantamos por aqui é o recorte feito por filiação partidária. Os números mostram que o envolvimento partidário das mulheres negras acontece mais no interior do país do que nas capitais.
Clique nas imagens acima, ou aqui, para baixar o documento completo.
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