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Amazon minimiza invasões às câmeras Ring

O Grande Vazamento de Dados de fevereiro de 2019 atingiu cerca de 2,2 bilhões de pessoas e é considerado o maior da história.

Reprodução: Amazon.com

Para minimizar a responsabilidade sobre as invasões às câmeras Ring, a gigante onipresente Amazon diz que, desta vez, não tem nada com isso. Desta vez parece fazer sentido, nem é exagero dizer que o mundo foi hackeado duas vezes somente neste ano. Mas o fato é que as invasões ao sistema de segurança Ring continuam ocorrendo, apesar das correções de vulnerabilidades anunciadas no início de novembro. Vídeos de diálogos de hackers com crianças viralizaram na última semana.

“Mais de 3 bilhões de contas comprometidas, somente em 2019”

Um hacker invadiu a câmera da marca Ring no quarto das filhas de um casal, no Mississipi.
Foto: Reprodução New York Times/Ashley LeMay

O megavazamento de dados em fevereiro de 2019, considerado o maior da história, atingiu 2,2 bilhões de contas. Senhas disponíveis publicamente em lugares da Internet que usuários comuns não fazem ideia da existência. Mas há quem saiba chegar lá, encontrar a senha do seu roteador, por exemplo, e invadir a sua casa, literalmente. E tem mais.

O vazamento de novembro, apesar de atingir “apenas” 1,2 bilhão de pessoas, pode ter um impacto ainda mais imprevisível se os dados obtidos forem usados por pessoas com propósitos, digamos, impróprios.

É que os dados vazados são enriquecidos, provenientes das empresas People Data Labs e oxydata, que cruzam os dados de diversas fontes para a construção de perfis detalhados de milhões de clientes, com a coleta de informações que vão desde a renda e a preferência política até a religião e os hábitos de compra.

Isto significa que pessoas desconhecidas podem saber se você comprou uma câmera inteligente, e se a resposta for sim, ela pode ‘dar uma olhada’ nos dados vazados para ver se ‘por acaso’ a senha da sua rede ou da sua conta na Amazon não estão por lá ‘dando sopa’.

Reprodução: SCOTT GELBER para a BLOOMBERG BUSINESSWEEK

Dentro da realidade de mais de 3 bilhões de contas comprometidas somente em 2019, o argumento da Amazon não é evasivo, como muitos argumentos das gigantes de tecnologia para problemas básicos de segurança costumam ser.

Se você observar, a autenticação de dois fatores passou a ser obrigatória em diversos serviços, sendo o mais conhecido deles no setor bancário. Hoje, porém, já o esforço adicional de segurança já é utilizado nas redes sociais como o Facebook, o Twitter e os serviços de mensagens Telegram e Whatsapp (e praticamente qualquer outro serviço online que pretenda ser minimamente seguro).

Mas as últimas invasões tiveram um componente um pouco mais assustador. Se o invasor consegue acesso à câmera, ele consegue acesso a outras informações ‘preciosas’. As vítimas tendem a sofrer um trauma difícil de lidar. Você não tem como saber há quanto tempo o hacker tem acesso livre a você até que ele mesmo se ‘pronuncie’. Imagine um total estranho iniciando uma conversa com as suas filhas de 5 e 10 anos no lugar supostamente mais seguro do mundo… dentro do próprio quarto, dentro de casa. Em outro caso, além de invadir o equipamento o hacker teceu comentários racistas contra a criança da casa invadida. Parece agir com total certeza de que não vai dar em nada. Os hackers invadem não só para roubar, mas também em busca de uma sádica sensação de ‘diversão’.

Os sucessivos episódios de vazamentos massivos de informações de usuários, somados a uma digitalização radical da vida cotidiana, abrem um leque infinito de riscos desconhecidos, porém, reais.

Os usuários ganham a nova exigência de se proteger com todas as ferramentas de segurança digital disponíveis, passível de graves consequencias caso não tome as medidas corretas como não clicar em links por aí, para dizer o mínimo. Mas o mercado parece não estar muito preocupado em difundir a necessidade de proteção e vigilância constante. Para este tipo de vigilância, talvez as câmeras mais atrapalhem do que ajudem.

E pior, os casos constantes de invasão ainda podem atrapalhar os planos da indústria 4.0 de massificar o acesso aos sistemas de automação doméstica – as pessoas estão com medo. Mais de 1/4 dos entrevistados em uma pesquisa realizada nos seis maiores mercados do segmento (EUA, Canadá, França, Reino Unido, Austrália e Japão) se recusam a comprar equipamentos inteligentes por questões de segurança.

“O Silicon Valley está escutando seus momentos mais íntimos”, conta a revista Bloomberg Newsweek desta semana.
Capa: Reprodução

E se você vencer o medo dos hackers e se sentir seguro para encarar a vida ultraconectada, não esqueça que as próprias empresas donas dos sistemas e da Internet dão conta de ouvir os seus momentos mais íntimos, como escancarou a revista Bloomberg Newsweek desta semana. As maiores empresas do mundo, segundo a revista, pagam milhões de pessoas no mundo offline para ouvir e analisar as interações com os dispositivos da Amazon.

Você usa os assistentes virtuais ou acessa remotamente as câmeras do condomínio? A vida digital é algo que levamos a sério por aqui, e a sua experiência e opinião são muito bem-vindas. Fique à vontade para debater o tema nos comentários abaixo e compartilhar (:

Para consultar se o seu e-mail está envolvido em vazamentos, clique aqui. Convém lembrar que nem sempre os dados vazados estão vinculados a um endereço de e-mail. Pode ter sido o seu número do celular ou CPF. Na verdade não há como saber com certeza. A não ser que você tenha habilidades com a Deep Web.

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