Foto: Joa Souza, Shutterstock (Salvador, 2017)
O impeachment é uma resposta mínima. Porém, se fosse colocado em pauta pelo presidente da Câmara, e se fosse eventualmente aprovado, não resolveria a crise política. Talvez a agravasse.
A intervenção militar foi eleita. Se saísse o capitão, ficariam os generais. E permaneceria tudo como está.
Artigo de Mourão para o @Estadao divide políticos; autoridades apontam falta de autocrítica e abertura ao diálogohttps://t.co/rcodT1VESs
— Estadão (@Estadao) May 15, 2020
Os generais posam de sensatos atrás do capitão-mito. Será que havia algum general nas manifestações fora STF e fora Maia?
Para a imprensa, os verdinhos fazem de conta que não têm nada com isso.
O fato é que, neste governo, não existe ala militar, ala ideológica, ala disso e daquilo. São todos de uma única ala: a ala disso que tá aí. O vídeo da reunião ministerial, tornado público pelo STF, parece ter um potencial desastroso para todas as alas.
O ministério de Bolsonaro alimenta a ilusão bolsonarista com as vozes de estrategistas lunáticos. “Se colar, colou” que são íntegros patriotas, a ala lúcida da razão de um governo que decreta e desdecreta o que quer, dia e noite.
A soldadesca miliciana e rude assume a parte braçal e apoia aquilo que os generais não podem apoiar em público, como as loucurinhas do AI-5, a intervenção militar e a guerrilha digital contra o STF e o Congresso. Os generais? Mãos e beiços desinfectados com álcool gel – essas ideias fazem parte do jogo democrático e ponto final e “não vamos nos pronunciar“.
Especular sobre quem conspira não é pecado: quem acredita nessa encenação dos que comemoram a revolução de 1964? Será que esses interventores cívico-militares toparam ser cupinchas dos moradores do Vivendas da Barra?
Se não são cupinchas, então integram a facção mafiosa, corrupta e obscura que agora aparelha o Estado Brasileiro igual acusam o projeto comuno-ateu-petista de fazer pelo país.
Vice-presidente ajudou a convocar grupos de WhatsApp para manifestações antidemocráticas do dia 15 de março de 2020
Qualquer que seja a resposta, ela não interessa. O genocídio causado pelo coronavírus, e incentivado pelo capitão dos generais, é de longe o assunto mais urgente. Os militares mal jogaram para debaixo do tapete as atrocidades e a vergonha da ditadura e agora precisam lidar com mais essa tragédia sem precedentes da qual são cúmplices.
Apagar dos livros de história é fácil. Negar através de olavismos e terraplanismos é fácil. Apagar das próprias biografias é impossível.
Ser um General não é para qualquer um, não é como ser um ministro passageiro, é um posto para sempre. O ápice da hierarquia militar. Os generais civis do Planalto sabem muito bem com quem andam, onde estão e o que fazem.
Eles sabem quem coordena e sabem quem são os que consomem o lixo digital tóxico disparado pelo gabinete do ódio – aquele ministério informal dado a um vereador que fica do ladinho do gabinete do general-civil-ministro Heleno.
Mais robôs em ação hoje pic.twitter.com/bnjbYI3uoN
— Humberto Martins (@humbertomartin) May 11, 2020
A intervenção militar foi eleita. Com o impeachment, sai o capitão do Planalto mas ficam os generais, os robôs, os amigos, o bolsonarismo. Ainda ficam de corpo presente Eduardo e Flávio ocupando cargos públicos relevantes, cada um com um universo próprio de encrenca.
Uma pista de que a hibernante oposição se deu conta disso foi o movimento deste sábado de Marcelo Freixo, deputado federal do PSOL, que abriu mão da candidatura à prefeito do Rio de Janeiro em nome da união de um bloco antifascista.
Marcelo Freixo é um dos primeiros políticos da esquerda que captou esse cenário inédito e lançou uma tentativa de confrontar amplamente o levante reacionário que une desde os movimentos monarquistas, milicianos e fundamentalistas religiosos, até um empresariado nada interessado em ideologias mas cheia de interesse pelas boas (e gordas) licitações públicas.
É difícil acreditar, mas tudo isso aconteceu no Brasil nas últimas 24 horas
— BuzzFeedNewsBR (@BuzzFeedNewsBR) February 18, 2020
Greve dos petroleiros, 20 governadores confrontaram Bolsonaro por carta, chefe da Secom escapou de punição e o filho do presidente levou o cadáver do miliciano para a timeline.https://t.co/80mXcHaDBa
O #foraBolsonaro de hoje consolida a militarização do executivo federal. Os generais, esses seres misteriosos e estrategistas, vão apoiar as aventuras da soldadesca miliciana? Ou vão primar pela manutenção de um estado minimamente democrático?
Quais os riscos reais que correm as eleições de 2022? O resultado vai ser aceito se a tal frente ampla antifascista vencer?
O dólar e a bolsa ilustram as incertezas do mundo inteiro com o Brasil.