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O imprevisível futuro dos humanos

Os robôs estão mais vivos do que nunca. Que horizonte se avizinha? Os humanos por trás de toda essa tecnologia têm a resposta.

Os robôs estão mais vivos do que nunca. Que horizonte se avizinha? Os humanos por trás de toda essa tecnologia têm a resposta.

Imagem: Unsplash

Um cérebro com implante conectado ao 5G permitiria aos hoje humanos controlar tudo com o pensamento, dos aparelhos domésticos até a comunicação com outras pessoas. A inteligência artificial estaria então acoplada ao cérebro humano, como na ficção científica. Alguns de nós se tornariam transhumans.

A realidade: um desajuste climático severo, ameaças biológicas e nucleares iminentes, novas epidemias, onde alguns teriam implantes, e uma grande maioria não. De qualquer forma, seríamos facilmente identificáveis através de um massivo sistema de reconhecimento facial, facilitando os pagamentos no supermercado e a execução de sentenças judiciais, além de outros serviços.

Reprodução: Intel AI

Some a toda essa conveniência a possibilidade de editar o DNA, não apenas para escolher a cor dos olhos ou evitar doenças congênitas, mas projetada para melhorar a peformance do corpo humano com os novos dispositivos… praticamente não há limites em 2020 para a engenharia genética e a inteligência artificial. Experimentos secretos, sem dúvida, ocorrem neste instante.

O cenário desenhado gera uma pressão visível para o rompimento de barreiras éticas e morais em larga escala. Fascinados pela tecnologia, pouco questionamos. As big techs não escondem – aliás, propagandeiam – os pesados investimentos na área, seja em pesquisa ou na compra de startups. Além disso, conforme alertou o The Intercept no final do ano passado, as big techs também influenciam com vultosas doações as discussões em volta de uma “ética em inteligência artificial”.

As big techs inventaram uma “ética em AI” para burlar a regulação

The Intercept

O CEO da Alphabet, Sundar Pichai, defende uma regulação da inteligência artificial, uma vez que o impacto da IA em nossas vidas, segundo ele, “será maior que o da eletricidade”. O que pode estar por trás da defesa eloquente da regulação, quando essa defesa vem de quem a produz?

O executivo reconhece que haverá efeitos colaterais na disseminação das tecnologias de IA, e usa como exemplo as indesejadas fakenews, que se tornaram o terror das mais sólidas democracias do mundo nos últimos anos em nome da livre disseminação da informação.

via GIPHY

A livre circulação de todos os tipos de mensagens tem como uma das consequências colaterais a fácil proliferação fakenews. Qual seria o efeito colateral da permissão que as big techs se dão para irem em frente com experimentos que podem remodelar o mundo como o conhecemos? A Alphabet, casualmente, anunciou em outubro que entramos oficialmente na era da supremacia quântica. Graças aos seus dados e aos meus, e aos bilhões de dólares e a milhares de engenheiros.

Se o impacto da inteligência artificial nas sociedades vai ser maior que o causado pela eletricidade, quais seriam os possíveis efeitos indesejados da IA?

A criação da irrealidade sempre foi a arte mais obscura da comunidade de inteligência

Edward Snowden, no livro Eterna Vigilância

Diga adeus ao Homo sapiens

O Homo sapiens subjugou todas as outras espécies, e a isto demos o nome de civilização. Seria agora o momento na História em que o Homo sapiens subjuga a si mesmo? Segundo o historiador israelense Yuval Noah Harari, “não somos mais Homo sapiens. A ideia geral do que significa ser um organismo vivo mudará quando dispormos da capacidade de conectar diretamente, por exemplo, os cérebros aos computadores“.

O que difere os Xenobots de outros robôs normais é, principalmente, a sua capacidade de regeneração.

Os robôs estão mais vivos do que nunca. Que nome daremos ao que está no horizonte, e que horizonte é esse?

Os humanos por trás de toda essa tecnologia já têm a resposta. E ela não é otimista. Um dos indícios da bad mood que o mundo enfrenta é o Relógio do Apocalipse, imaginado em 1947 por 13 premiados com o Prêmio Nobel para simbolizar a iminência de uma guerra nuclear. Este relógio nunca esteve tão próximo do “fim”. Ele foi adiantado e agora marca 100 segundos para a meia-noite, diante do risco de um aumento da temperatura global acima do calculado, da proliferação de armas nucleares e da ausência de normas internacionais que penalizem e disciplinem o uso da ciência e da informação. Há risco de erosão das democracias.

Antes fosse apenas um discurso exagerado das esquerdas.

Ao que tudo indica, as preocupações da humanidade são tantas, e tão graves, que o tema da inteligência artificial fica lá pelo terceiro… quarto lugares na escala de prioridade. Se você mora no Brasil, então, tem ainda mais problemas imediatos com que se preocupar.

Tiago é jornalista e pós-graduado em Ciências Humanas, e aqui escreve sobre tecnologia, política e desafios contemporâneos da sociedade. Trabalhou na área comercial de livros por mais de 15 anos.
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