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Aqui mora o caos

Um museu privado de arte contemporânea de esquerda.

La Demeure du Chaos (A Morada do Caos) é um museu de arte contemporânea a céu aberto que fica no sudeste da França, a uns 20 minutos de Lyon, em uma pequena comuna chamada Saint-Romain-au-Mont-d’Or.

A região é tranquila e tem poucos moradores. Porém, o museu leva cerca de 200 mil visitantes por ano para a cidadezinha. Em 2020, esse número certamente será menor por causa da pandemia do novo coronavírus.

Em um terreno de 9 mil metros quadrados, com dois galpões de porte médio, ficam milhares de obras de arte críticas ao sistema capitalista e ao neoliberalismo.

A antiga agência postal do século XVII se transformou em uma réplica de zona pós-guerra, contrastando com a pacífica cidade de Saint-Romain-au-Mont-d’Or. Ali, você tem a oportunidade transitar pelo caos – e essa é a principal obra de arte – vendo líderes mundiais e filósofos estampados em muros, grafites que condenam a indústria farmacêutica, esculturas de todos os tamanhos e instalações de diferentes artistas, incluindo thierry Ehrmann, o proprietário-fundador do museu.

Vista área do lugar onde hoje é o museu. Essa foto ilustra a capa do livro:

La Demeures du Chaos fête ses dix ans de combat 1999 -2009.

Hoje, thierry Ehrmann preside a Serveur Group & Artprice.com, um grupo que gerencia cotações de leilão de artes através de bancos de dados. A Serveur Group tem aproximadamente 400 funcionários e sua receita anual é de 70 milhões de euros. thierry, nascido em Avignon, chegou na cidade como morador e transformou sua própria casa nesse museu, que não para de aumentar sua capacidade.

É humanamente intolerável, feio, dramático, com suas imagens de destruição. O que você pensa, para mim não é arte, é uma provocação.

Disse o prefeito da cidade em 2013 sobre o museu.

Foram muitas brigas judiciais no conselho da cidade e na alta corte francesa para mantê-lo aberto. Finalmente, em 2016, Ehrmann declarou “vitória absoluta” no seu blog pela aprovação da lei sobre liberdade de criação, arquitetura e patrimônio.

thierry Erhmann.

Tudo que resta na pompa burguesa deve afogar-se num permanente estado de guerra.

E as polêmicas vão além das questões legais, a persistente discussão do que é e do que não é arte acompanha a história do museu desde sempre. A sensação de quem circula pela Demeure é de estar vivendo em um mundo pós-apocalíptico, onde o caos tem liberdade e vida própria.

O ex-presidente Lula e o fundador da Apple, Steve Jobs, são alguns dos retratados no Museu.

La Demeure du Chaos” é aberto ao público com entrada gratuita, recebe doações e é o primeiro museu privado de arte contemporânea da região. Reabriu recentemente para visitas agendadas e submetidas aos protocolos de segurança para evitar a disseminação da Covid19.

Para quem não pode ir até a França, tem aqui o link para a visita virtual no incrível museu. Vale o passeio!

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Delma é jornalista, mestra em Estudos de Gênero e aqui escreve sobre cultura, feminismos e política brasileira. Trabalha há mais de 15 anos com conteúdo e marketing digital.
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