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Do arroz à gasolina, por que tudo ficou tão caro?

Em vídeos, a Agência Mural explica os principais motivos da inflação e por que está mais difícil para os moradores de periferias comprar comida. Assista

Ana Beatriz Felicio/Agência Mural
Por Ana Beatriz Felicio, da Agência Mural

Faz dois anos que a auxiliar de logística, Sandra Regina Araújo da Silva, 44, está oficialmente desempregada. Moradora do bairro Maria Helena, em Carapicuíba, na região oeste da Grande São Paulo, ela divide a casa com o pai aposentado, de 70 anos, um sobrinho de 7 e o irmão que atua como entregador autônomo.

Mesmo sem emprego formal, Sandra se vira como autônoma revendendo cosméticos e produtos de beleza, por isso, a média de rendimento mensal da família flutua de acordo com o mês. Faz tempo que a família não consegue fazer uma compra mensal no mercado.

“A gente não faz uma compra grande todo mês, porque sinceramente não dá”, conta. “Compramos as coisas conforme vai acabando, aí vamos substituindo, porque como autônomos, conforme vai entrando, a gente vê necessidade e compra.”

A sensação de Sandra é que, além da comida, tudo está ficando mais caro nos últimos tempos. Esse não é um sentimento isolado. A inflação no Brasil, que é o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços, tem subido e afetou economicamente moradores das periferias.

Mas o que é a inflação?

Para se ter ideia, em dezembro do ano passado, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado dos últimos 12 meses, que é o principal índice que mede a inflação no Brasil, foi de 4,52% – o maior desde 2016. O valor ficou acima do centro da meta estipulado para 2020, que era de 4%.

No entanto, 4,52% foi a média de todos os aumentos no país – calculado todos os produtos. Alguns subiram muito mais. A carne bovina, por exemplo, registrou um aumento de 13,9% durante 2020. E este ano a expectativa é de que a inflação siga alta. Em fevereiro, o IPCA acumulado dos últimos doze meses era de 5,20%.

O aumento nos preços vem fazendo com que Sandra tenha que substituir alguns alimentos, como optar por ovo em vez de carne. “A gente já não comia carne muitas vezes na semana, hoje menos ainda, porque as condições estão muito precárias. Um quilo de carne que antes eu comprava por R$ 10, R$ 12, hoje pago R$ 30”.

O que também vêm assustando Sandra é o valor da conta de luz, que tem sido motivo de adaptações na rotina da casa. Evitar usar o microondas, ter banhos mais curtos e lavar as roupas leves na mão, são algumas delas. “A energia elétrica está absurdamente cara, então aqui a gente tenta economizar o máximo possível”.

No entanto, essa alta não foi acompanhada de um aumento real no salário mínimo.

Como é calculado o salário mínimo?

Para produzir os dois vídeos desta reportagem que explicam como os índices econômicos do país afetaram diretamente a vida da Sandra e de tantos outros moradores das periferias, a Agência Mural conversou com o economista Juan Pereira, 25.

De acordo com ele, aliados à pandemia, diversos fatores levaram ao aumento dos preços em diferentes setores. Pereira cita, por exemplo, a alta do dólar.

“No ano passado o real foi uma das moedas que mais se desvalorizaram no mundo. Isso significa que os produtos comercializados aqui no Brasil que dependem do dólar ficaram mais caros”.

Além disso, com um dólar alto, é mais atrativo exportar os produtos que são feitos aqui do que vender para o mercado interno.

Para ele, o aumento da inflação e do custo de vida -, soma dos preços pagos pelo conjunto de bens e serviços que as pessoas consomem, é mais sentido pelas pessoas com menor poder aquisitivo.

“Os mais pobres costumam ter menos rendimentos, então eles são obrigados a gastar tudo que recebem. Com o aumento da inflação, uma pessoa que já recebe pouco, vai ter sempre um pouco menos de dinheiro, isso é terrível”.

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A Agência Mural de Jornalismo das Periferias tem como missão minimizar as lacunas de informação e contribuir para a desconstrução de estereótipos sobre as periferias da Grande São Paulo.
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